quinta-feira, 6 de setembro de 2007

Brincando no Paint!

Resolvida a dar um pouco de vida a este blog mofado, postarei uma crônica que produzi valendo atividade para nota na faculdade. É lógico né, produzir de pura vontade e criatividade é que não é! rs

Bom, queria ter desenvolvido mais a idéia, mas não deu. Até fiz um desenhinho para deixar mais engraçadinha - e para eu poder brincar no Paint, é lógico!



Pequenas Gentilezas
Apesar deste mundo moderno e parecendo clamar por individualismo, ainda é possível ver que os pequenos favores e simpatias resistem. Outro dia, sentada no terceiro assento de um micro-ônibus, esperava entediadamente a chegada do meu ponto final. No meio da jornada, uma mulher de meia-idade sobe e começa a relatar o seu impasse.

Sem trocado em casa, o único dinheiro que possuía era uma nota de cinquenta reais dada por seu filho. Ela sabe que a placa com os dizeres “Troco máximo R$ 10,00” a impossibilita de utilizar o transporte, mas insiste em persuadir o motorista-cobrador de que já tem marcada a consulta no médico, dando a entender de que quando se trata de saúde, exceções devem ser abertas. Impaciente e fingindo simpatia, o motorista explica que não pode fazer nada, pois “acabou de abrir a linha”, e “não tem um tostão no caixa”.

Enquanto isso, uma senhora de ‘idade-inteira’ logo a minha frente observa com atenção a conversa entre possível passageiro e motorista, na dupla de bancos à esquerda do ônibus, reservadas aos velhinhos e afins. Parece analisar consigo mesma se interfere na conversa ou não. De cabelos brancos, coque e grampos – deste estilo que hoje se vêem somente em senhorinhas evangélicas de correntes fervorosas –, com roupas simples e sacolas de supermercado que guardavam de tudo, menos compras de supermercado, a velhinha saca dois reais de uma bolsinha de moedas e declara com voz firme, mas doce: - Eu pago para você, afinal, já me fizeram isso antes.

A mulher de meia-idade agradece com toda a simpatia que pode, mas com malícia de quem tinha encenado a peça esperando “a deixa final” de um colega de transporte. Já a senhorinha, desceu com expressão de satisfação no rosto. Afinal, se é tão bom agradar os amigos - fazer pequenas gentilezas a eles - é mais prazeroso ainda ser útil a um ser estranho que talvez você nunca mais esbarre na vida.

Por mais que o bom cidadão resmungue quando o ônibus está lotado, e ninguém se levanta para dar lugar àquela pobre velhinha cheia de sacolas nas mãos – acentuando-se ainda que o banco reservado a ela está ocupado por um jovem sem forma e modos -, é prazeroso perceber que a tal senhorinha sente-se totalmente agradecida por tê-la dado o lugar que ocupava. E depois, triunfar perante a boa educação que possui, comparada ao resto dos quarenta seres apertados naquele desconfortável espaço.

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