domingo, 7 de outubro de 2007

Percival e Jornalismo Polici...Criminal!

Sabadão de sol, e como quase sempre, lá estou na faculdade. Dureza ter aula num dia em que se deveria estar na praia (mentira, porque quem mora no litoral não aproveita o sábado para isso. Aliás, não utiliza nenhum dia da semana para este fim). Bom, voltando ao enfoque deste post – a tarde promete uma palestra sobre Jornalismo Policial. Apesar de um professor dizer achar absurdo aluno que não conhece o palestrante – Percival de Souza – confesso, nunca ouvi falar. Tudo bem que ele é comentarista policial do Jornal da Record, mas na verdade, assisto aos telejornais da tarde e olhe lá. Afinal, à noite estou estudando – boa desculpa, não?

Devido ao trânsito na descida da Serra, Percival de Souza não chegou no horário previsto, e os participantes do debate, Márcio Harisson, que é jornalista do Rádio Polícia, programa da Cultura AM, e Eduardo Veloso, repórter de polícia do jornal A Tribuna, iniciam o evento com suas opiniões e experiências sobre o tema. Os dois salientam a necessidade de uma especialização na área – até mesmo disciplina, o que acredito ser exagero. Harisson e Veloso possuem diploma de direito, no intuito de lidar corretamente com as notícias que tanto envolvem a área jurídica.

As questões sobre o uso indevido das palavras (usar furto e roubo como sinônimos), e a exposição de fotos de suspeitos (podendo denegrir a imagem de uma pessoa inocente) foram debatidas. Algo que ficou claro é que não importando que área optar no jornalismo, a credibilidade é o ponto-chave. Mesmo que não fosse em área policial – ou criminal, como prefere Souza -, é necessário que o profissional seja responsável diante do que publica, verificando informações incansavelmente e buscando ser objetivo no uso das palavras, para não dar margem à distorções e interpretações ambiguas.

Como Veloso disse, não é só a foto que deve ser motivo de preocupação: o contexto em que é colocada e a legenda são importantes. “Se é um suspeito sem certeza, nem o nome deve ser publicado”. Na opinião deles, repórter desta editoria deve desconfiar de tudo e de todos. “Repórter policial tem que ser malandro”, para não dizer “puta-velha”, comentou Harisson.

Apesar de não muito esclarecedor e conclusivo em certos pontos, uma das atualizações do Código de Ética dos Jornalistas pela FENAJ ratifica a presunção de inocência: todo o indivíduo é inocente até que se prove o contrário. Outro ponto é o do compromisso com a verdade, que há mais de 20 anos integra o Código: o “Respeito às aspas”, em que as declarações devem ser publicadas no devido contexto. Se em relação ao texto esta é a resolução, a imagem não deve deixar de ser tratada da mesma maneira.

Voltando à palestra e deixando as leis de lado, quando o jornalista Percival de Souza chegou no auditório C do Centro de Comunicações e Artes (CCA) – eu gosto mesmo é do antigo Facos!-, percebeu-se que a visão dele deixava de lado o tecnicismo para entrar no romantismo. Com as frases “Nós (jornalistas) somos contadores de história”, “Jornalismo e Literatura são conciliáveis, dependendo do espaço e do veículo”, e de que é necessário “percepção, sensibilidade e talento para escrever uma matéria”, o experiente comentarista pareceu conquistar mais a platéia.

Citou Euclides da Cunha, Gay Talese e Truman Capote – que fazem parte da pequena lista “Bibliografia básica para um futuro jornalista”, semeada aos sete cantos pelo professor Dirceu na faculdade, com a finalidade de contribuir na formação de nossas cabecinhas tão avoadas. Aliás, quem quiser, é só procurá-lo (de preferência na biblioteca, no período diurno) que sempre há uma listinha sobrando na mochila verde, pronta para ser entregue numa mistura de ar questionador/exigente/boa-gente. E claro, com uma leve pitadinha de braveza.

E novamente retornando ao jornalista do dia (adoro viajar), interessante a explicação de Souza sobre a troca de Jornalismo Policial para Criminal. Como a área demanda desde investigação que envolva psiquiatria e química forense até antropologia, o termo policial torna-se limitado. Dar crédito a alguém que entrou na área policial pelo Jornal da Tarde não é tão ruim assim. Percival nunca havia trabalhado antes na área, mas por “ordens” de “um certo” Mino Carta (que queria dar nova roupagem ao segmento) entrou nesta especialidade – e nunca mais saiu.

Após certa polêmica sobre o uso de termos técnicos corretos nas matérias policiais em troca de palavras mais claras mas “incorretas”, o comentarista da Record destacou a importância do uso de uma linguagem acessível ao público, diante de uma linguagem muitas vezes rebuscada do Direito.

Por reportar temas que envolvem a criminalidade, algumas histórias curiosas foram contadas. Em certa ocasião, ao entrevistar um foragido pertencente a um grupo de extermínio, Percival de Souza ouviu da boca do próprio que seria executado dois anos antes, e só não foi devido a um “vacilo do atirador”. O criminoso enumerou endereços da casa e trabalho e rotina diária. Por denunciar em programas jornalísticos as ações do bando, Percival era nome forte na lista negra. Já com outro entrevistado, no mesmo “setor” de extermínio, Percival narrou a fala do homem: “Muito prazer em te conhecer. Quando você precisar de mim, já sabe a minha especialidade”. É, tem que ter mesmo talento pra coisa.

  • O jornalista Percival de Souza é autor de quatro livros: Autópsia do Medo, O crime da Rua Cuba, Sindicato do Crime - PCC e outros grupos e Narcoditadura (que ganhei – com autógrafo e tudo - num sorteio do evento!)

obs. com correção das cagadinhas indicada por uma anônima de grande ajuda.

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Por uma Birmânia livre!!


Blogueiros de todo o mundo estão preparando um ação em apoio à revolução pacifista em Birmânia (Mianmar). Queremos enviar um sinal de liberdade e demonstrar nossa simpatia a essas pessoas que estão lutando desarmados contra aquele regime cruel. Estes blogueiros planejam agir criando um post sobre o assunto em seus blogs no dia 4 de Outubro com um banner com as palavras "Free Burma!".

Aqui está a minha contribuição!!