terça-feira, 14 de setembro de 2010

De abobrinhas à paz

Estados Unidos. Slogan que pede poder ao pacifismo. Música. Cheiro forte de maconha no ar. Milhares de pessoas em um gramado que começa a se tornar lama. Roupa coloridas e diferentes, centenas de dreadlocks loiros. Não se trata de Woodstock, pois eu estava lá, na fatídica data de 11 de setembro de 2010. Os milhares de cobertores e cangas estendidos no gramado formam um belo mosaico entre as gigantescas árvores, no meio do Golden Gate Park, em São Francisco.




Antes de virar um formigueiro.

A cidade e suas belas casinhas vitorianas receberam o Festival “Power to the Peaceful”. Uma celebração à paz na cidade que é conhecida por ser a vanguarda dos EUA quando o assunto é direito dos gays, ambientalismo e tudo o que soa politicamente correto. Nada mais São Francisco do que um evento como esses, com música, comida e tendas das mais variadas: clínicas de marijuana, Ongs, grupos em busca de um sistema educacional melhor, marcas “hippies” e “hemp”, tendas de “brazilian yoga”, massagem e filiações ao Panteras Negras. O espaço é livre, e as manifestações são das mais diferentes: de um lado, a marcha dos que pedem pela “verdade do 11 de setembro” – sim, eles acreditam numa teoria da conspiração em que tudo não passou de armação yankee -, do outro, homens de tapa sexo dançando, mulheres de perna de pau desfilando, novos-hippies girando bambolês e praticantes de parkour se esborrachando no chão.



Começando a ficar cheio de gente - e de lama

Parkour

Eu nunca tinha visto tanta camiseta do Bob Marley por metro quadrado. Aliás, essa fixação pelo Bob na Califórnia é impressionante – para não dizer outra coisa. Existiam sim as camisas “Let it be”, “Legalize” e indianas, mas sem dúvida, a estampa do jamaicano é a moda. As bandas animam o formigueiro humano que é o Festival, e que se compara a uma Virada Cultural em Sampa. Aliás, com a marofa, se enquadraria, mais especificamente, no show do Marcelo D2 na Virada.


Show do Rebelution!!

Tudo pode soar irresponsável e juvenil, mas a coisa é americanamente organizada. Espaço com brinquedos e atrações para as crianças, e uma área, bem à frente do palco, para os deficientes auditivos. Os hippies-surdos e de pé descalços sentem a batida do baixo e da bateria enquanto observam a mulher, que ao canto esquerdo do palco, os transmite em língua de sinais cada verso das canções. Ah, e bebida, só com a devida fitinha no braço que te qualifica como maior de idade, e mesmo assim só liberada até às quatro da tarde.

Mas como jovem que em qualquer lugar do mundo não é bobo nem nada, os americanos utilizam-se do que no Brasil leva a alcunha de farofa de praia. Levam suas caixas térmicas com toda a munição necessária para uma boa alimentação e pileque.

Já chapado - no sentido que você preferir.


Olha o palco lá além, como diria minha bisavó.

Festivais são o point, a balada – a noite não é tão importante assim. O que não falta é um todo mês, ou até semana. É Festival para celebrar e divulgar a arte local, é música, é dança, e até para comemorar a existência de um vegetal. Outro dia fui ao já tradicional “Zucchini Festival”, de Hayward. Sim, existe um evento que enaltece a enorme importância da abobrinha no mundo. Com o suporte comum de qualquer festival americano – música, atividades físicas, arte e milhares de barracas que não tem relação nenhuma -, o Zucchini Festival tinha, é claro, muito zucchini. Era abobrinha frita, assada, no doce, no pão, no sorvete... e olha que abobrinha é a coisa mais sem graça do mundo. É, qualquer coisa é desculpa para promover uma festa.

2 comentários:

Gustavo Delacorte disse...

Quanto hippie!

Cahe´s blog disse...

Seria algo como: Yes nós temos banana too.

Depois o brasileiro é que é festeiro.

Proponho já lançarmos o Festival do Quiabo e, na sequência, o Festival do Giló.

Vamos derrubar os gringos yankees.

Hugs,
Cahe is a Blogger